A música vive nas ruas de Lisboa, principalmente através do fado, um importante aspecto da cultura portuguesa, presente nos mais diversos cantos da cidade. Não há sombra de dúvidas de que este gênero musical que mescla amor, saudade, melancolia e tristeza é um retrato cotidiano da vida em Lisboa.

E por que logo o fado? Porque surgiu na cidade em meados de 1830, de forma totalmente improvisada: quando alguns moradores da capital lusitano começaram a divagar melodicamente suas dores e amores. O dia a dia da cidade ficaria eternamente marcado em cantigas que evocam os mais diversos sentimentos.

Origens do fado

Seu nascimento é altamente questionado por pesquisadores e historiadores e até mesmo por fadistas, que divergem sobre sua origem. Acredita-se que tenha surgido dos cânticos mouros que, assemelhados ao lundu de Angola, evoluíram para o gênero que hoje conhecemos.

Mas apesar da incerteza acerca de sua origem, uma coisa é certa: o fado nasceu em Lisboa, fruto das divagações emocionais dos moradores, de maneira totalmente orgânico. Com uma viola, muitos sentavam-se na calçada e começavam a expressar de forma melódica tudo aquilo que sentiam, como se estivessem tirando (ou tentando tirar) um peso do peito.

A primeira fadista

Maria Severa Onofriana, a Severa, é considerada a primeira fadista da história. Nascida em 12 de setembro de 1820, há poucos registros sobre sua existência, o que a consolidou como uma lenda quase mítica no cenário do fado.

Seu registro de óbito indica que ela faleceu em 30 de novembro de 1846, aos 26 anos. Tendo conhecido a cantante pessoalmente, o poeta Bulhão Pato (1928-1912) afirmou que nunca existiria alguém como Severa, tão impetuosa e ativa, de acordo com uma bibliografia escrita por Júlio de Sousa e Costa.

Fadistas populares e a Rainha do Fado

Portugal conta com uma vasta história sobre o fado, suas origens e seus artistas. Dentre os fadistas mais populares destaca-se Amália Rodrigues (1920-1999). Considerada a Rainha do Fado, Amália foi uma das artistas portuguesas mais bem sucedidas de todos os tempos, com 30 milhões de discos vendidos, de acordo com a RTP Portugal. Hoje, a cantora está eternizada no Panteão Nacional.

Além de Amália, outros fadistas também se destacaram ao longo da história. Dentre eles estão Mariza, Ana Moura, Camané e Carlos do Carmo (1939-2021), conhecido como Sinatra por ter se inspirado fortemente não apenas no artista estadunidense, mas em outros gêneros musicais, trazendo-os ao fado e reinventando o gênero.

O fado e a tradição portuguesa

Dessa forma, podemos concluir que o fado não é apenas um gênero musical, mas um elemento importante da cultura e história portugueses, com sua criação tendo se originado da necessidade de um povo de expressar seus pesares, criando arte e comunidade em cantigas, muitas delas cantadas até os dias atuais.

Diversos artistas contribuíram para a popularização do gênero a nível mundial. Amália Rodrigues se destaca entre os demais por sua voz e ternura, além de brilhantismo incomparável. Mas muitos outros que vieram depois influenciaram e revolucionaram a forma de se fazer fado, tornando-o mutável e atemporal.

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