Morreu ontem (23) a atriz Claudia Cardinale. Filha de pais sicilianos e nascida na Tunísia, Cardinale marcou enormemente o cinema europeu em sua era de ouro, atuando para diretores como Federico Fellini e Luchino Visconti.

Claudia Cardinale se tornou famosa em 1957 quando venceu um concurso de beleza que lhe premiou com uma viagem à Itália, mais especificamente ao Festival de Cinema de Veneza, um dos mais celebrados do mundo.

A partir daí, a vida de Cardinale mudou. Inicialmente falando apenas francês e árabe, a atriz teve sua voz dublada nos filmes em que atuou no início da carreira. Mas isso não impediu que ela se tornasse um fenômeno das telonas.

Nós, da Pátria Cidadania, desejamos nossos mais sinceros pêsames à família e amigos próximos da atriz, bem como ao seus fãs e admiradores. Em sua memória, lembramos de cinco filmes em que a atriz esteve presente.

8½ (1963)

Dirigido por Federico Fellini, um dos grandes nomes do cinema italiano, Claudia Cardinale encantou o diretor com sua beleza e carisma, e logo se tornou uma de suas grandes musas. A grande colaboração entre os dois veio no filme “8½”, de 1963.

O longa é um dos mais cultuados de Fellini devido ao seu metacomentário acerca da vida e obra do cineasta italiano. No filme, o diretor Guido Anselmi (interpretado por Marcello Mastroianni) enfrenta dificuldades em sua vida pessoal e artística. Claudia Cardinale interpreta uma moça jovem e intrigante com o mesmo nome que o seu, servindo de interesse amoroso para Anselmi, que é casado.

O Leopardo (1963)

De direção do aclamado Luchino Visconti, um dos precursores do neorrealismo italiano, Cardinale também trabalhou com ele no filme “O Leopardo”, também de 1963. A atriz ítalo-tunisiana protagoniza o longa ao lado de ninguém menos que Burt Lancaster e Alain Delon.

A história aborda o processo histórico e turbulento da unificação italiana, com Burt Lancaster interpretando o Don Fabrizio Cabrero, um príncipe siciliano que se aproxima de ideais socialistas, mas que se recusa a perder seus privilégios. Alain Delon faz o papel de sobrinho de Don Fabrizio, e Cardinale, em todo seu esplendor, é a afilhada de Lancaster na trama.

Considerado o “E o Vento Levou” italiano devido à verossimilhança entre as duas obras, O Leopardo é considerado a grande obra prima de Visconti, o que lhe rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1963.

A Pantera Cor-de-Rosa (1963)

Dirigido por Blake Edwards, que também foi o responsável por outras grandes obras do cinema, como Bonequinha de Luxo, adaptação do livro homônimo de Truman Capote, A Pantera Cor-de-Rosa foi o primeiro filme de uma longa franquia estrelada pelo britânico Peter Sellers.

A história gira ao redor do detetive Jacques Clouseau (Sellers), que investiga o roubo do lendário diamante Pantera Cor-de-Rosa. A jóia pertence à Princesa Dala (Cardinale), e lhe foi presenteada por seu pai.  

Aconteceu no Oeste (1968)

Sergio Leone foi um dos grandes mestres do cinema italiano e a carreira de Cardinale também foi marcada por uma importante colaboração com o cineasta. Em “Aconteceu no Oeste”, de 1968, Cardinale marca presença em mais uma obra hollywoodiana e alcançou ainda mais fama a nível mundial.

“Aconteceu no Oeste” foi um sucesso de bilheteria na Europa, mas um flop nos Estados Unidos, onde a Paramount cortou o filme e diminuiu sua duração consideravelmente. Ainda sim, continua sendo um dos filmes mais importantes da história.

Rocco e Seus Irmãos

Antes de estrelar em O Leopardo, Claudia Cardinale havia colaborado com Visconti em outro filme do diretor. Em 1960, a atriz se juntou ao elenco de Rocco e Seus Irmãos, obra também estrelada pelo francês Alain Delon, companheiro de cena de Cardinale em O Leopardo e também um grande muso inspirador de Visconti.

Rocco e Seus Irmãos marcou um dos primeiros papéis de Claudia Cardinale nas telonas. A atriz interpreta Ginetta, esposa de Vincenzo, um dos cinco irmãos que protagonizam a trama.

Mais do que uma atriz, Cardinale também lutou por justiça social

Claudia Cardinale foi uma atriz que marcou eternamente o cinema italiano com sua beleza, carisma e talento. A atriz deixa dois filhos: Patrick, que nasceu quando ela tinha 19 anos e que foi adotado por Franco Cristaldi, produtor cinematográfico e seu primeiro marido, e Claudia, fruto de seu relacionamento com Pasquale Squitieri, cineasta e seu segundo esposo.

Além de grande atriz, Claudia Cardinale também era profundamente envolvida com as causas feminista e gay, as quais demonstrava publicamente seu apoio. Desde 2000, a intérprete da Princesa Dala também era embaixadora da boa vontade pela Defesa dos Direitos da Mulher, através da UNESCO.

Onde há um italiano, há Itália

Apesar de ter nascido na Tunísia, ao norte da África, Claudia Cardinale sempre se identificou como italiana. Dona de uma beleza e talento indiscutíveis, a atriz foi uma enorme musa do cinema italiana e sempre deixava claro o orgulho de suas raízes e cultura.

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